Esta história é, em resumo, sobre um monstro encontrando outro monstro. Um dos monstros sou eu.
Yunjae nasceu com uma condição neurológica chamada alexitimia, ou a incapacidade de identificar e expressar sentimentos, como medo, tristeza, desejo ou raiva. Ele não tem amigos ― as duas estruturas em forma de amêndoas localizadas no fundo de seu cérebro causaram isso ―, mas a mãe e a avó lhe proporcionam uma vida segura e tranquila. O pequeno apartamento em que moram, acima do sebo da mãe, é decorado com cartazes coloridos com lembretes de quando sorrir, quando agradecer e quando demonstrar preocupação.
Então, no seu décimo sexto aniversário, véspera de Natal, tudo muda. Um ato chocante de violência destrói tudo que Yunjae conhece, deixando-o sozinho. Lutando para lidar com a perda, o garoto se isola no silêncio, até a chegada do problemático colega de escola Gon.
Conforme começa a se abrir para novas pessoas, algo se modifica lentamente dentro dele. Quando suas novas amizades passam a apresentar níveis de complexidade, Yunjae precisará aprender a lidar com um mundo que não compreende e até se colocar em risco para sair de sua zona de conforto.
Por estar afastada do mundo literário, eu não conhecia esse livro. Tinha ouvido falar na época que assisti ao BTS: In The Soop, porém não dei atenção.
Um dos desafios era ler um livro que tivesse só uma palavra no título, coloquei várias alternativas para esse, porém, em uma das lives do Geefe na roxinha, ele e o pessoal nos comentários estavam falando muito de Amêndoas, fui ler a sinopse e acabei não só colando ele na TBR, como o escolhendo logo de cara, para ser o livro com o qual eu cumpriria o tal desafio.
Logo no início da leitura, eu sabia que seria um livro que mexeria com minhas emoções. Que eu me colocaria no lugar do outro e sentiria as dores dele, junto com ele, ainda que ele não estivesse de fato, sentindo. Inclusive tive praticamente as mesmas sensações que tive ao ler Flores para Algernon.
A escrita da autora flui de uma forma que você não consegue largar o livro, pois ela te conecta com o protagonista, uma pessoa com a mente tão peculiar, que com os esforços da sua mãe tenta compreender as tais emoções que todos ao seu redor parecem sentir, mas que pra ele é algo que foi proibido de ser acessado desde o seu nascimento.
A avó e a mãe do Yunjae são importantes na construção desse personagem.
A primeira, parece não se importar muito com o jeito diferente do seu neto. Ela é o alívio para quebrar a tensão constante dessa família.
Já sua mãe por não aceitar o tratamento que a sociedade dá ao seu filho, está sempre tentando ensiná-lo, como quem ensina que 1+1=2, quais reações ele deve ter para determinadas situações.
Algo acontece e mexe com o status quo dessa família e eu gosto bastante dessa parte. Apesar de acontecer algo terrível, eu estava esperando por esse momento, queria ver como ele se sairia, sem o conforto social que sua mãe e avó lhe proporcionavam.
Nessa parte é interessante, pois apesar do protagonista não sentir emoções, nós enquanto leitores, acabamos ficando cheios delas, torcendo para o Yunjae criar um vínculo emocional com quem quer que seja; e isso acaba acontecendo.
Mais dois personagens aparecem nesse momento da vida dele. Dois comportamentos opostos, que enfim farão despertar sentimentos sem que Yunjae nem mesmo perceba. Aqui mais uma vez lembrei de Flores para Algernon, da forma sutil e gradual com que a realidade que antes parecia ser imutável, começa a apresentar mudanças.
A reta final da leitura é bastante intensa, tanto para os personagens, quanto para nós, leitores. E não se preocupem, esse livro te faz sofrer mas ele também vai te dar aquele final feliz que você nem sabia que estava precisando.
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